sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Feito de CUMBARU | Aurelina Haydêe do Carmo

Feito de CUMBARU.
Aurelina Haydêe do Carmo

Pilão de cumbaru.
O barulho da batida.
O cheiro da carne frita,
Mão de pilão
Na mão.
Manter a tradição,
Pilão bom
Feito de cumbaru
Não racha
Mas hoje não acha.
Usado por mais de
Um século,
Vive no relento,
Pegando chuva e vento.
O som do socado
No pilão de cumbaru
Mistura com o do cururu.
Crepita o fogão de lenha
Como convite  venha.
Vamos brincar,
Até o dia clarear.
Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O Fragateiro

O Fragateiro
Aurelina Haydêe do Carmo.

Como fragateiro
Viajou sem escrúpulo
No seu latíbulo,
Percorreu o mundo inteiro.

Rios caudalosos,
Mares bravios,
Empecilho
volumosos.

Por quê essa sina?
Sede de água fascina,
Tanto chão a desbravar...

Terras nunca pisadas,
Sementes a ser lançadas
E as águas a singrar.

Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Meu rio | Aurelina Haydêe do Carmo

Meu rio

Aurelina Haydêe do Carmo

Como o rio, deslizo.
Minha vida corre,
E, nesse decorrer sem friso,
Às vezes - Paro e rio.

Rio, das águas,
Deslizando,
Límpidas
Sem magoas.

Do rio, eu rio.
Sentada no barranco liso,
Vendo as piquiras,
 Parece mentira.

Aquário natural,
Largo rio sem piso.
Com o temporal,
Eu rio.

Parece um festival,
Danças de peixes no rio.
Divertindo eu rio
Rio, rio, rio...

Saudades do meu rio
(entrei em delírio).
Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A canoa | Aurelina Haydêe do Carmo

A canoa
Aurelina Haydêe do Carmo

 Numa boa,
Sentei na proa
Da canoa

Canoa feita de um pau só,
Desliza sem dó
Até a curva do Coxipó.

Saudades da canoa de cambará.
Típica do Rio Cuiabá.
Não precisa de cuia, não emborcará.

Da ponte até o saladeiro,
Ela voa parecendo biguá.
É o tronco do cambará.

Com delicadeza e medida certa,
Não esqueça o remo.
É uma verdadeira obra de arte.

Aqui está ela, esculpida.
Conta a história de nossa vida.
Símbolo mais antigo da cultura ribeirinha.

Linda, comprida, não é a tôa,
Que a canoa de um pau só,
Desliza numa boa.            
Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Lembranças do Rio Cuiabá.

Lembranças do Rio Cuiabá.
Aurelina Haydêe do Carmo
 
 Lembro muito bem,
O rio Cuiabá – a ponte:
Margem direita – Várzea- Grande.
Margem esquerda – Cuiabá.

Não importa posição geográfica,
Ele divide duas cidades.
A Capital – Cidade Verde.
Várzea – Grande- a Industrial.

Rio largo, boas lembranças.
Faz recordar as lanchas,
O apito no amanhecer
Ou ao entardecer.

Saíamos correndo,
Lá vem Ela imponente...
Com nomes interessantes:
Bacia do Prata que ficou na mente.

Na curva do rio,
Bem no saladeiro,
Apontava, como um delírio,
Gritava quem avistasse primeiro.

Do barranco, em silêncio, olhando,
Todos saudavam balançando braços,
Sob as águas, deslizando,
Na mente de infância ficou um pedaço.
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Poesia de Aurelina Haydêe do Carmo 
Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

O mistério da poesia – Rubem Braga

O mistério da poesia
Não sei o nome desse poeta, acho que boliviano; apenas lhe conheço um poema, ensinado por um amigo. E só guardei os primeiros versos: Trabajar era bueno en el Sur. Cortar los árboles, hacer canoas de los troncos.
E tendo guardado esses dois versos tão simples, aqui me debruço ainda uma vez sobre o mistério da poesia.
O poema era grande, mas foram essas palavras que me emocionaram. Lembro-me delas às vezes, numa viagem; quando estou aborrecido, tenho notado que as murmuro para mim mesmo, de vez em quando, nesses momentos de tédio urbano. E elas produzem em mim uma espécie de consolo e de saudade não sei de quê.
Lembrei-me agora mesmo, no instante em que abria a máquina para trabalhar nessa coisa vã e cansativa que é fazer crônica.
De onde vem o efeito poético? É fácil dizer que vem do sentido dos versos; mas não é apenas do sentido. Se ele dissesse: Era bueno trabajar en el Sur, não creio que o poema pudesse me impressionar. Se no lugar de usar o infinito do verbo cortar e do verbo hacer usasse o passado, creio que isso enfraqueceria tudo. Penso no ritmo; ele sozinho não dá para explicar nada. Além disso, as palavras usadas são, rigorosamente, das mais banais da língua. Reparem que tudo está dito com os elementos mais simples: trabajar, era bueno, Sur, cortar, árboles, hacer canoas, troncos.
Isso me lembra um dos maiores versos de Camões, todo ele também com as palavras mais corriqueiras de nossa língua: “A grande dor das coisas que passaram.”
Talvez o que impressione seja mesmo isso: essa faculdade de dar um sentido solene e alto às palavras de todo dia. Nesse poema sul-americano a idéia da canoa é também um motivo de emoção.
Não há coisa mais simples e primitiva que uma canoa feita de um tronco de árvore; e acontece que muitas vezes a canoa é de uma grande beleza plástica. E de repente me ocorre que talvez esses versos me emocionem particularmente por causa de uma infância de beira-rio e de beira-mar. Mas não pode ser: o principal sentido dos versos é o do trabalho; um trabalho que era bom, não essa “necessidade aborrecida” de hoje. Desejo de fazer alguma coisa simples, honrada e bela, e imaginar que já se fez.
Fala-se muito em mistério poético; e não faltam poetas modernos que procurem esse mistério enunciando coisas obscuras, o que dá margem a muito equívoco e muita bobagem. Se na verdade existe muita poesia e muita carga de emoção em certos versos sem um sentido claro, isso não quer dizer que, turvando um pouco as águas, elas fiquem mais profundas…
— Rubem Braga, no livro “A traição das elegantes”. Rio de Janeiro: Record, 2010.
Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo

Pescaria no Rio Cuiabá

Poesia -
Pescaria no Rio Cuiabá: 
                                        Aurelina Haydee do Carmo

No rio Cuiabá,
fui pescar
sem pensar
peguei um Curimbatá.

O Barbado do Chimburé
parecia um Jurupensém.
pulava igual pipoca,
mas era uma Jurupoca.
Pintado
Ah! tempo Dourado,
peixes grandes e pequenos,
rios emoldurados
por todos os lados

Onde estará a Cachara!
alguém viu o Jaú?
um cara Pintado,
levou o Pacú.

Disseram que levava
no picuá uma Piranha

e duas Pacupeva
no rio Cuiabá nadava.

Coitado do filhote do Piau,
na piracema virou mingau
e com o sururu
faltou o Piavuçu.

Debalde, lutei...
passei quase uma tarde,
mas não peguei
nenhum Bagre.

Chum-Chum, Rapa-Canoa,
é mentira
é só uma Piquira,
do tamanho do Lambarí.

Sentei embaixo do pé de manga,
olhando o rio correr,
degustando uma Piraputanga
o Rio Cuiabá, vamos socorrer.
                                                         
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Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo
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