Janela Fechada
Era um
rapaz muito só, filho único de uma senhora franzina, de conversa séria e
franca. Seu pai era vistoso, bonito e garganteador, tinha uma verruga que dava
um certo charme na sua aparência.
Torcedor
fanático, jogava futebol e era sócio do Clube.
Aos domingos vestia a camisa do time e ia para o
campo. Tinha como profissão pedreiro, estava muito satisfeito.
Só gente
rica o convidava para trabalhar em suas casas, mansões, chácaras, fazendas etc.
Era muito
dedicado em seus serviços de acabamento.
Muita gente
da alta sociedade ou como dizia ele,“Soçaite, compareceu no seu velório e todos
demonstravam profundo sentimentos, pois acabava de ver inerte o corpo daquele verdadeiro
mestre de obra.
E agora ...
onde achar outro igual!
A casa
ficou triste, somente mãe e filho. Ela nunca descuidou da criança, colocou-o no
Grupo Escolar, onde fez da 1ª a 4ª série, depois fez o Ginásio, com a conclusão
deste, conseguiu matricula num conceituado Colégio particular, onde fez o 2º
grau – Contabilidade, terminou e entrou para uma universidade Federal.
Aluno
dedicado, não faltava aula, inteligente, os professores tinham um certo
cuidado, em dissertar sobre determinados assuntos, pois tudo que acontecia na
cidade, no Estado, no Brasil e no mundo, ele sabia de 1ª mão, discorria sobre
os assuntos parecendo que estava lá “ in loco” falava detalhe por detalhe.
Imagina você, se ele fosse jornalista? Seria o melhor da Globo.
Qualquer um que o ouvia, era melhor ficar calado, pois passava
vergonha diante de seus argumentos para comentários diversos.
Discutia com
sabedoria e firmeza a Guerra do Vietnã e a briga da Inglaterra pelas Malvinas.
Diante de sua inteligência todos ficavam longe dele e ele era só, parecia que o
único divertimento era acordar e ir nas bancas inteirar-se das noticias.
Naquele
tempo a televisão estava começando a entrar em alguns lares, pouca gente
desfrutava desta tecnologia e ainda mais, precisava de ter uma voz boa e escada
alta, para subir no telhado e ficar gritando e virando a antena:
- Melhorou...
Tá bom ... vira ... na direita, piorou .... Ótimo, Haja garganta!
Tá bom ... , estávamos falando do menino.
A criança,
o menino, como vocês perceberam virou um homem formado, sua mãe morreu, ele
ficou só, morando no mesmo bairro, na mesma rua e na mesma casa, igualzinha
aquela da sua infância , nada mudou, apenas o tempo incumbiu de desgasta-la,
até a janela já está carcomida pelos anos.
Passando em frente, lá estava a casinha, porta fechada e uma banda da janela
aberta, isto desde o século passado. Fazia sol, fazia chuva, calor e frio, a
impressão é que dentro mora alguém.
Esta semana
passando por lá... que sensação horrível... estava a janela fechada.
*Um conto, produzido para o meu curso de conto.
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Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA.
Professora Aurelina Haydee do Carmo