Xô Xuuum passarinho!
Escrito
por: Aurelina Haydêe do Carmo
Engraçado todas as vezes que encontro minhas amigas de
infância, elas remetem a um passado cheio de lembranças ao referir sobre os
Quintais. Os quintais eram imensos com muitas Mangueiras e Cajueiros. Fico só
sacudindo a cabeça e pergunto a mim mesma:
- Porque será que o nosso quintal
nunca teve um pé de mangueira?! nem Cajueiro?!
No nosso quintal tinha um pé de
goiaba branca, dava frutos muito suculento e era disputado pelos vizinhos. Este
serviam para comer, mas tinha também o pé de goiabeira vermelha, estas eram
para fazer doce. Doce de goiaba - doce de colher, para comer com queijo branco,
geleia de goiaba para pôr no pão ou mexer com farinha de mandioca. Doce apurado
para fazer rapadurinha. Comíamos numa base de 2 kilos por semana, pois ninguém
conhecia a palavra “diabetes”.
Não sei se alguém naquela época
conhecia essa palavra feia, morriam mas nunca ficávamos sabendo de quê, pois
todo mundo culpava o coração.
Então Estávamos falando do
quintal, mas o nosso Pomar começava na frente da nossa casa.
Bem na porta de entrada, tinha
uma frondosa Caramboleira, chegava a ter cachos e mais cachos de carambolas,
fruto amarelo de uma tonalidade chamativa que ninguém resistia, pois o sabor
nem de longe compara aos que temos hoje nos nossos mercados.
E falando em mercado estive num
deles em uma cidade do Sul do Brasil, lá estava Carambola entre os frutos
exóticos.
Uma coisa puxa a outra, exótico
mesmo era fruta-do-conde, que ostentava bem na porta de nossa cozinha, alguns
denominavam de fruta pão.
Do outro lado onde minha mãe
cultivava as folhagens, rosas e samambaias, estas eram sombreadas por uma
enorme Parreira (exótica), pois naquela época longe estava de pensar que alguém
cultivar uvas, pois o nosso clima não permitia era muito calor e também não tínhamos
tecnologia.
Abrindo o portãozinho que dava
entrada definitiva ao quintal, lá estava o pé de romã, de tão graúda a fruta,
rachava e deixava os seus grãos vermelhos e suculentos parecendo gritar:
- Saboreie-me, por favor.
Quando vocês crescerem nunca mais
vão encontrar outros tão doces como eu.
Mais adiante estava a Limeira carregadinha
de frutas, seus Galhos pesados caiam até o chão, eram escorados por madeiras,
minha mãe tinha um ciúmes porque não era uma simples Limeira. - Era Lima do
umbigo.
Há! Já ia esquecendo do pé de
figo como carregava...
Lembranças do doce artesanal de figo,
doce em calda, cristalizado, e quando
deixávamos alguns madurar, eram uma delícia amarrávamos com tecidos para
passarinho não bicar, tinham que madurar no pé.
Falando em Figo me fez lembrar uma
das Histórias que ouvimos a noite embaixo da Caramboleira.
Ficávamos nós sentadas na calçada
e a contadora sentava em uma Pedra Grande encostada no pé da caramboleira.
Todas as noites, lá estávamos nós,
ouvindo as histórias, e a que nunca esqueci foi o da madrasta que viu sua
enteada roubando os figos do Pomar e a enterrou viva embaixo do mesmo.
Então ela cantava a musiquinha eu
nunca esqueci e aí eu tremia:
- Carpinteiro de meu pai não corta
meu cabelo, que a madrasta me enterrou pelo Figo da Figueira.
Ficar sozinha no quintal, eu
achava que a defunta estava lá, meu corpo arrepiava, então a musiquinha vinha
aos meus ouvidos.
- A Madrasta me enterrou... pelo
Figo da Figueira Xô Xuuum passarinho!
Escrito
por: Aurelina Haydêe do Carmo
Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo