Cimento
(Escrita por Aurelina Haydêe do Carmo para trabalho final do Curso de Crônicas)
Ela
alugou uma casa,
Com
área de circulação muito estreita,
Fora
dos padrões tradicionais,
De
vez em quando, mirava a casa da vizinha, melhor que a sua, mas esta era sua
casa alugada e pagava com resultado de muitas gotas de suor.
Sonhava
com uma casa igual da vizinha, com churrasqueira.
A
vizinha, todos os sábados fazia churrasco e o cheiro exalava por toda a
cercania. Ela sentia o cheiro da carne assada, ficava horas com água na boca e
muitas vezes dirigia até ao lavabo e escovava os dentes para sentir que de fato
havia mastigado um pouco daquela suculenta carne.
Imaginava...
uma picanha envolta com deliciosas gordurinhas meio queimadinha, no ponto,
carne esta não tão sangrenta, como gostam nossos Hermanos e não tão
esturricada, como alguns dos nossos preferem.
Ela,
sente o cheiro, aroma de *Casa de Festa, boi
grill.
Encabulada,
assiste a TV- É de Casa, levanta e arruma a casa, para receber amigos(as).
Os
objetos da casa estão empoeirados, talvez com alguns resquícios de fuligens
produzidos pela casa da vizinha que os ventos alísios carregaram depositando nos seus pobres
bibelôs de louças ou porcelanas, que são limpos, banhando-os numa bacia
esmaltadas- bibelô e bacias eram verdadeiros antiquários, herança de sua avô e
guardadas com muito zelo, foram trazidos da Itália, embrulhadas em roupas de
rendas e de cetim.
De
repente uma nostalgia, cansaço a perturba (trabalho fora de casa e nas horas
vagas faço serviço de casa), faina de casa não rende e ainda mais, o cheiro de
carne assada me causa náuseas, ouvir passos de crianças, crianças cantarolando,
gritando...
Queria
tanto uma casa. Uma casa sossegada, sem cheiro de carne assada, sem crianças
choramingando, me perturbando, sem gritos ,sem péc ,péc de chinelos.
Bom,
serviço de casa não rende.
Amanhã
é domingo- saírei cedo, madrugada, na
alvorada.
Quando
o sino da matriz dar 6 badaladas, saírei em direção à Casa do Senhor.
Domingo
passo as horas orando...
Desta
vez com muita fé, vou pedir para o Cristo Crucificado, que foi morto, mas
ressuscitou – quero uma casa que eu possa falar “meu lar”. Não almejo uma casa
cheia de prata e de ouro – como disse Balaâo para os servos de Balaque.
Ora,
quero casar, quero uma casa com churrasqueira e crianças pulando e cantando
pelos quintais.
Quem
casa, quer casa.
Casa
construída na rocha.
Casamento
rima com cimento.
Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo