Ora, Chôô...
Por Aurelina Haydêe do Carmo
Como toda família cuiabana esta
seguia a regra geral. Todos os domingos não podia faltar na mesa, macarrão com
galinha, regado ao bem vermelho suculento e ainda por cima aquele queijo que só
de lembrar, enche a boca de água.
Hum...como cheirava a comida. Ansiosas de olhos no relógio
que ficava em cima da cristaleira, para que andasse bem depressa até chegar meio dia. Era um almoço especial, o
arroz de forno ou aquele com molho de carne moída, com muita cebola, banana
frita e queijo parmesão (arroz engalanado).
A mesa era muito grande, tinha 10 cadeiras, eram 07 meninas e
01 rapaz, o pai e a mãe. O pai ficava na cabeceira, o rapaz sentava na 1ª
cadeira à direita e assim todos ocupavam num segundo seus lugares, ficando a
mãe por último, pois ela preocupava em deixar a mesa impecável.
Depois que Ela se assentava, fazia-se a oração agradecendo
pelo pão, todos de olhos fechados. Quando terminavam de orar só assim podiam
tirar a comida das travessas.
Interessante que daí por diante ninguém podia falar nem um piu, ou seja, silencio total, só se
ouvia barulho das talheres e assim mesmo com muita delicadeza.
Um certo dia, uma das meninas, implicada porque o seu irmão
era o segundo que tirava a comida e todos os domingos Ele que comia a moela e
nunca deixava para os outros. Já haviam combinado secretamente (para o pai e
nem a mãe ficar sabendo) para Ele desconfiar e deixar cada domingo para uma,
mas nada de desconfiômetro, e não era
só isso, ele comia os outros pedaços e outras iguarias e deixava a moela
separada para comer por último. Um dia uma das irmãs não aguentou e quebrou o
silêncio:
Você não vai querer a moela?
O
pai, o grande patriarca, falou em voz alta:
-Ora, Ora, Chôô!!!, olha para o seu prato, larga de ficar olhando pratos
dos outros.
O
pai e a mãe partiram, não estão mais neste mundo, interessante que a união da
família permanece, mesmo morando em cidades, estados e países diferentes estão
juntos, costumam encontrar, duas ou três vezes ao ano, comunicam através de
telefone e das novas tecnologias. Mas nunca fora esquecida a frase famosa (Ora, Chôô!!!), ela sai, pode ser a
festa mais linda, até casamento dos filhos, aniversários de sobrinhos e netos.
O
bom é que aquele sorriso que não puderam dar naquele dia ficou guardado e hoje
dão gargalhadas ao lembrar e é muito divertido porque passam a história para
todos os seus descendentes.
Ora, Chôô!!!
*hoje
moelas vende-se por quilo(risos).
---Agora vamos estender o nosso BOM DIA a Cuiabá, Mato Grosso, Brasil e ao Mundo que neste momento esta precisando muito de um BOM DIA. Professora Aurelina Haydee do Carmo